A justiça parece dançar ao som de uma música que só ela ouve, o ex-presidente Jair Bolsonaro vê-se preso em um enredo digno de um filme de suspense com toques de comédia pastelão. Isso porque, em uma decisão que faz muitos brasileiros arquearem as sobrancelhas em perplexidade, Alexandre de Moraes, o passaporte do ex-mandatário foi mantido sob apreensão, negando-lhe a liberação para voos internacionais. “Decolagem negada”, poderia ser o título desse episódio peculiar na história política do Brasil.
Primeiro, vamos aos fatos: Bolsonaro, figura conhecida por suas viagens e discursos inflamados em palcos internacionais, encontra-se agora literalmente ancorado ao território brasileiro. A decisão, tomada por órgãos competentes, levanta uma série de questionamentos sobre a mobilidade de figuras políticas após o término de seus mandatos. “A liberdade de ir e vir, aparentemente, tem suas exceções”, comenta, com uma pitada de ironia, um analista político que preferiu manter o anonimato por temer ser o próximo a ter o passaporte confiscado por opiniões audaciosas.
Não é segredo para ninguém que o ex-presidente possui um histórico controverso, navegando por águas turbulentas durante e após seu mandato. Contudo, a negação de sua liberdade de viajar ao exterior levanta uma pauta séria sobre os direitos individuais e a linha tênue entre a justiça e a perseguição política. Em um país onde a polarização política alcançou níveis estratosféricos, a decisão é combustível para mais debates acalorados.
A pergunta que não quer calar é: onde fica a balança da justiça nessa história toda? Enquanto alguns celebram a decisão como um ato de justiça divina, outros a veem como uma clara violação dos direitos de um cidadão, independente de seu passado político. “O que está em jogo aqui não é apenas a liberdade de um homem, mas o estado de direito como um todo”, argumenta uma jurista que, apesar de não concordar com muitas das políticas de Bolsonaro, questiona a legalidade e a moralidade da medida.
Nas redes sociais, a situação virou meme antes mesmo de virar notícia, com a internet fazendo o que faz de melhor: tirando sarro da situação. Entre montagens de Bolsonaro preso em uma ilha deserta à la “Náufrago” e GIFs dele tentando ultrapassar a fronteira disfarçado, o humor ácido serve como válvula de escape para uma situação que, para muitos, é difícil de digerir.
Mas, indo além da piada, esse episódio levanta uma discussão crucial sobre a liberdade de expressão e movimento no Brasil. Em um momento onde o país parece mais dividido do que nunca, casos como o de Bolsonaro servem como termômetros para a saúde da nossa democracia. Estamos diante de um caso de justiça sendo feita ou de uma perigosa precedência para a limitação de direitos sob o pretexto de responsabilização política?
Afinal, se hoje é Bolsonaro quem tem seu passaporte negado, quem garante que amanhã não será outro, talvez até mesmo um opositor político, a sofrer a mesma restrição? O precedente aberto aqui é um caminho escorregadio, que deve ser observado e questionado com cautela.
Neste teatro do absurdo que se tornou a política brasileira, uma coisa é certa: a liberação do passaporte de Bolsonaro vai muito além do simples direito de viajar. Trata-se de um teste para a maturidade democrática do Brasil, um desafio à nossa capacidade de balancear justiça e liberdade.